Bexiga de Ovelha

Six men getting Sick Six times

Wednesday, October 06, 2004

Barbeiro - guia prático

não sei quanto a vocês mas para mim uma ida ao barbeiro tem muito que se lhe diga. não é algo que possa fazer de um minuto para o outro. exige preparação. psicológica principalmente. ainda que seja um barbeiro supostamente moderno é toda uma dimensão de masculinidade que vivemos ao atravessar aquela pesada porta. e dilemas... muitos dilemas. o primeiro de todos... qual dos barbeiros me há-de cortar o cabelo? mais complicado quando tal facto se resume á mais pura das sortes ou se quisermos cálculo matemático algo duvidoso do género "aquele homem está a começar a cortar agora, estão 3 á espera, cheguei eu, o velho está a aparar as patilhas não deve demorar..."
segundo dilema... como posso dizer ao barbeiro que não quero que me seque o cabelo com aquele volume tão "Parker Lewis meets o meu pai" que, não sei bem porquê, todos os barbeiros teimam em seguir como uma cartilha. depois há o problema que sempre enfrento de uma dificulade de comunicação. qual será a parte de "quero que me corte pouco" que é tão complicada de perceber?
"assim está bom" tento a custo dizer ao que ouço "só acertar aqui e ali e já está", num tom profético e impossível de contrariar. tendo em conta, como verdade absoluta e irrefutável, que qualuqer corte de cabelo é demasiado péssimo para eu sair á rua na semana que o precede, há ainda que calcular o tempo que poderei estar fechado em casa sem ser confundido com o Leonaro di Caprio versão pós (mas pouco) adolescente.
um barbeiro é do Benfica, outro do Sporting e outro ainda afirma-se adepto do Belenenses. qual terá o punho mais firme e menos possibilidade de um surto psicótico momentâneo, tendo em conta que eu sou (e eles sabem e não se esquecem disso) adepto do F.C.Porto? nunca se esqueçam... o homem com a lâmina, seja ela de que tipo for, na mâo tem sempre razão. aqui entra a variante dos resultados destas equipas na última jornada do campeonato. a seguir ou antes de derbies esqueçam.. totalmente! cortem em casa. não cortem. tiro nas têmporas. mas barbeiro esqueçam. a seguir a derrotas de algum dos grandes também não é um bom dia a não ser que consigam calcular com pouca ou nenhuma margem de erro quem vos cortará o cabelo. sei o que estão a pensar... porque não pedir logo a um deles para fazer o trabalhinho...perigosa ingenuidade. isso revelaria uma preferência pelo trabalho de um em deterimento dos trabalho dos outros.meus amigos... a vingança é um prato que se serve frio. toda esta análise dos resultados da Superliga revela-se essencial não só para manter a jugular intacta mas para poder estar minimamente a par das conversas neste antro de masculinidade exacerbada. e claro, não esquecer de ensaiar frequentemente aquele sorriso sóbrio, mas lascivo, para quando surgir o inevitável comentário na linha de
"ganda febra!" ou "oh flor deixas pôr?" dirigido sempre a uma moça bem parecida que passa nesse momento em frente á barbearia.
mas voltemos ao principio...o que ler enquanto espero? há muitas variàveis em jogo mais uma vez caros amigos. o "Publico" está sempre ( e digo SEMPRE) a ser lido pelo que não é uma hipótese viàvel. como alternativa temos os 3 diários desportivos que dão sempre ar de masculinidade imquestionável (mas atenção pois cada um destes está de algum modo conotado com um dos 3 grandes pelo que são mais factores a ter em conta). temos ainda o Diário de Coimbra que é sinistro no grau de noticias más que consegue atingir e finalmente, ou não se tratasse de um barbeiro moderno, a delicada Nova Gente da ultima semana. digo delicada referindo-me não tanto á revista mas á situação que enfrentamos se nos atrevermos a pegar nela. porque se por um lado a presença da Nova Gente é importante para a imagem de modernidade que pretendem transmitir a sua leitura ou um simples folhear são um sinal inequívoco de dúvidas a nível da orientação sexual e um olhar reprovador de ameaçadores homens de farto bigode empunhando lâminas aguçadas e olhando pelo espelho; há sempre um que capta todos os nossos movimentos. usualmente fico-me por velhas revistas da Mônica que nunca são renovadas e já sei de cor.
da última vez que visitei este hediondo universo parlelo tudo ia ser diferente prometi a mim memsmo. acordei bem cedo, ouvi um pouco de Johnny Cash e tomei 3 whiskys puros e um maço de Marlboro ao pequeno almoço. pouco faltava para me sentir no Kentucky com os meus doze irmãos vagueando armado sem destino ou tenções de o ter. assim que cheguei comecei a ouvir a conversa... dois homens falavam da quinta que tinham e todos naquela barbearia davam dicas sobre vinho e agricultura. uii... isto hoje ia ser particularmente puxado. olhei ao meu lado. imponentes e majestosas, grossas patilhas olhavam para mim. "estás bem tramado litlle feloow!", pensei logo de mim para mim. peguei na Mônica e afundei-me no sofá. pensei em arrotar mas não me pareceu indicado. teria de ser mais subtil. começou-se a falar de futebol... alarme! havia bastantes possibilidades de o meu cabelo vir a ser cortado por um sujeito sportinguista numa altura em q este se encontrava imagine-se em 16º ou algo do género. tive sorte. calhou-me o, mais jovem, adepto do Belenenses.
á tradicional "Como é que vai ser? o costume?" (sim péssimo como de costume, pensei eu na minha mente sempre tão activa) respondi com um também tradicional grunhido. não havia possibilidade de alguèm refutar um grunhido. só faltava "A Bola", o crucifixo e uma esposa para espancar.estava no bom caminho pensei. seguiu-se o corte que enfrentei com aquela expressão absolutamente nula e ausente que tão bem ensaiei, apenas intercalada para cenas de aprovação face a mais um "que gáija boa!"seguido (em dias d sorte) por um sonoro "Foda-se comia-te toda!". ok em dias de muita sorte.
tudo sucedeu como sempre. o corte que acabou, não quando eu sugeri sem grande esperança "está óptimo assim". era óbvio que estava bem assim mas não para o homem da lâmina. e ele, como o outro, tem sempre razão.
chegava a parte mais complicada. o temível secador. "deixe mesmo assim". "molhado e tal". "as miudas gostam assim" pensei eu dizer enquanto lhe piscava o olho mas não consegui. Leo di Caprio revisitado mais uma vez.
há depois o ritual de dizer, intercalado com pequeninos vómitos quase quase imperceptíveis
"perfeito! era isto mesmo! está óptimo!"
quando pensamos que nada poderia piorar lembramo-nos que temos de pagar por isto. que grande sorriso! para finalizar um passou bem. masculino. á homem.e o inevitável pensamento de que para a próxima tudo vai ser melhor...

4 Comments:

At October 11, 2004 at 2:14 PM, Anonymous Anonymous said...

Caro jovem colega,

é com imensa alegria que verifico em tão delicada alma o nobre interesse pela arte capilar. Também eu, entre atentas e proveitosas leituras de ‘A Sentinela (*)’, me dedico, humildemente, ao estudo do bom ofício de barbeiro. No entanto, abandonado, mas porque Deus assim o quis e é escusado insistir no mesmo sermão, nasci (como diz o outro) para ser essa mulher da limpeza... travestido de stripper, noctívago dedico-me sim, mas certamente de outro ponto de vista, ao estudo dessa Arte Maior. Falo pois da dedicação em cortar cabelo, aparar e barbear homens! Há não mais de um mês recebia a notícia que em Piracicaba (Brasil) José Benedito de Lima, que completava na altura 88 anos de idade, e exercia há 60 anos este mesmo oficio, o de barbeiro, aquele que o amigo ainda que de forma aparentemente reinadia (leia-se irreflectida) se apressou a avaliar (mal). Também eu gostava de fechar os olhos e ficar assim, a fazer juízos de valor…Como instrumentos, utiliza pente, tesoura, navalha e uma máquina eléctrica de cortar cabelos. Herdou a profissão de seu pai e passou a executá-la após trabalhar em diversos lugares, como a Santa Casa de Piracicaba, o Engenho Central, o Monte Alegre e o Lar dos Velhinhos, onde desenvolvia várias actividades, como servente de pedreiro e faxineiro. Há 60 anos! Não estamos a brincar. E como ele, seguramente, o, (Os), todo, (Todos), o(s) barbeiro(s) onde o amigo se dirige, pelo que me apercebi por mera figuração da Vaidade ("quero que me corte pouco" ou ainda “qualquer corte de cabelo é demasiado péssimo para eu sair á rua na semana que o precede” – o que, além de provar que esse medonho pecado, a Vaidade, já tomou conta de si, evidencia a sua fraqueza de carácter, e, porventura, a não satisfação de um qualquer desejo reprimido de ‘encontro’ com a figura de di Caprio – “há ainda que calcular o tempo que poderei estar fechado em casa sem ser confundido com o Leonardo di Caprio”), mas não nos desviemos. Dizia eu, com a mesma fúria, no fundo bem disposta, prazenteira (porque só assim sou capaz de viver) recomendo-lhe vivamente um novo olhar sobre o mundo, a vida… no fundo, sobre o barbeiro.

BORBOLETA ÁCIDA

(*) “A Sentinela – Anunciando o Reino de Jeová” (ed. António Alonso de Frutos Regidor, versão brasileira impressa em Espanha pelos Testiclos Cristianos de Jehová; publicação inserida numa obra educativa bíblica, mundial, mantida por donativos voluntários)
Gostaria de obter mais informações ou solicitar um curso bíblico domiciliar gratuito? Use o endereço abaixo indicado: Portugal: Rua Conde Barão, 511, P-2645-109 Alcabideche

 
At October 11, 2004 at 2:23 PM, Anonymous Anonymous said...

Novamente eu, desta vez para corrigir um pequeno erro ortográfico onde se diz: Testiclos Cristianos de Jehová, deve ler-se TESTIGOS Cristianos de Jehová.

Com desejo de uma boa continuação sugiro-lhe o nº1 de Outubro de 04 “Os mansos herdarão a terra” – Como? (da mesma edição).

Um abraço bem apertado,
BORBOLETA ÁCIDA

 
At October 12, 2004 at 1:06 AM, Blogger manuel pereira said...

nem mais. pequei. não foi a primeira nem será porventura a última. hoje mesmo espancar-me-ei até á exaustão com requintes de sadismo... até que o demônio deixe de controlar as minhas acções e possa ser de novo livre e alegre como um petiz na sua primeira comunhão. desta é que você me apanhou. é óbvio que eu devo ter uma paixoneta não resolvida com Leo di Caprio; de outro modo não ficaria transtornado por ficar com o cabelo tão belo como o deste excelente actor. ah nunca me cansarei da sua imortal prestação nesse filme de culto que é "Titanic". obrigado por me abrir os olhos pois o meu pecado foi grave. gravíssimo. a revista de que fala com tanto entusiasmo não é, felizmente, nova para mim. já me foi útil num recomendável artigo sobre como se precaver desse flagelo da sociedade moderna que é o sexo pré-matrimonial. deverei cingir-me á masturbação? a minha bisavó defende que é genocídio... mas o velho Woody Allen defende que é, apenas, fazer amor com alguém que amamos. oh dúvidas dúvidas.
decerto encontrarei as respostas na fé.

cordiais cumprimentos

o staff da Bexiga de Ovelha

 
At October 12, 2004 at 1:12 AM, Blogger manuel pereira said...

perdão...é fazer sexo com alguém que amamos.
um grande grande xi coração

respeitavelmente

o staff do Bexiga de Ovelha

 

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