Bexiga de Ovelha

Six men getting Sick Six times

Friday, April 15, 2005

vou-me embora

caros leitores, amigos de tertúlias e orgias entre vinho branco e discos do Nel Monteiro

vou sentir saudades vossas. das tardes a apanhar sol, lendo o Record e partilhando Conguitos.
mas tudo tem de parar, até os momentos de maior felicidade. hoje encerrei um ciclo. vou partir, para voltar garanto já. quero roubar um comboio, deixar crescer uma barba; uma barba a sério que me sirva de saco cama e onde possa guardar os restos do almoço enquanto cito trotsky. irei para não muito longe vos garanto camaradas, amigos, companheiros de andanças. estarei, quem sabe, junto a vós, enquanto passeiam na alta de Coimbra, enquanto colhem malmequeres em Estremoz, enquanto assobiam canções há muito esquecidas de Quim Gouveia. estarei com os agricultores da Guatemala, apoiando Eusébio no torneio de dardos do Grupo Recreativo da Damaia, serei quem sempre fui.

alimentar-me-ei exclusivamente de citrinos e correrei pelas ruas, embrulhado numa bandeira vermelha, vertendo uma lágrima por onde passe, dando um pouco de tuli creme de avelã a quem passa fome, um sorriso a quem não o tem, um copo de vinho a quem dele necessite. não me esquecerei de quem sempre esteve comigo nos bons e nos maus momentos, na travessia do Nilo, nas aulas de Estética, na descida do Empire State Building de canoa.

aos que ficarem digo-vos, continuem a lutar. ouçam Vítor Manuel, ouçam-no com atenção. vejam os programas da bela juventude na RTP África, com as suas alegres canções. saltem, pulem, dancem com os pigmeus em Budapeste. empunhem flores, partilhem os cheiros, os sabores de Celas às seis da tarde. comam pintarolas, como se estivesse de novo na moda usar gel, camisas com flores e ouvir New Kids on the Block.não se esqueçam de lavar os doentes.

verto uma lágrima; de saudade também, mas de felicidade por tudo o que consegui criar a partir do nada. se me ouvirem gritando desalmadamente como um gnu almiscarado da Tanzânia com o cio, já sabem. sou eu, triste, sujo, pedindo um simples prato de sopa quente, um pouco de conforto, sexo oral quem sabe.

parto agora, com uma rosa na lapela e uma meia de lã a cobrir-me o sexo. avanço decidido, deixando tudo para trás, mas nunca vos esquecendo, caros leitores, amigos, companheiros, palhaços desta vida.

até ao meu regresso um enorme bem haja

Saturday, April 02, 2005

Hulk Hogan... o desmoronar de um sonho?

começa a ser um lugar comum...mas esta deixou-me mesmo abananado. tanto que tive de me ausentar para o Mali, onde de momento me dedico à pecuária e trabalho num cyber café, onde me encontro de momento. o curso, esse, terá de ficar para mais tarde. sinto medo. muito medo. e a partir de agora sou simultaneamente Lars, um alegre lenhador dinarmaquês a quem a vida pregou mais de uma partida, Ana Malhoa e o próprio Tonecas, na sua versão de traquinas quarentão popularizada na tão nossa RTP. ando a ser perseguido e este parece-me o disfarce ideal. por detrás deste aspecto jovial, continuo com a frescura de um homem que, apesar de sofrido, ama a vida como ninguém.
por ter tido a coragem de apontar o dedo a Hulk Hogan estou nesta situação... a temer pela vida todos os dias e rezando pela saúde da minha companheira magrebina e a nossa horda de dez pequenos rebentos.
Hulk Hogan, o mesmo ícone da masculinidade, quando ainda não se usava estas modernices de tomar banho e acompanhar a moda, que me fez sentir o que era ser homem. o cabelo louro-palha, a sua careca de homem de família, fiel leitor d´"A Bola", o bigode farfalhudo, o olhar maroto e o bronzeado á maneira, que todos no meu bairro invejavam.
esse mesmo (longo suspiiiiirooo) transformado num líder islâmico radical. tudo se passou na última convenção de fãs da Xena em Moscavide, onde Cat Stevens se passeou disfarçado de Cavaco Silva, assobiando alegremente uma velha canção dos Heróis do Mar. até aqui nada de estranho. mas quando vi a própria Xena, saboreando calmamente um sorvete de cacau com Bruce Willis soube que algo se passava.eis senão quando chega Abdul Al-Akbar, central do Leixões, empunhando o Corão e gritando vivas a Nené...o mundo desabou a meus pés.
tinham-me descoberto. despi rapidamente o meu fato de Conan o Bárbaro, feito por medida numa costureira de Alfama, e meti-me no mini que estava á minha espera á saída."pernas para que te quero" pensei, e fugi a sete pés.pelo caminho ainda tive oportunidade de dar boleia de Saúl Ricardo e ao seu gang de delinquentes da Damaia. a perseguição foi feroz mas consegui escapar, graças á intervenção de Camilo, esse mesmo que me encheu tantas tardes de risota. ao que parece, Camilo, foi em tempos um marine, o que lhe garantiu desenvoltura e capacidade de ripostar contra Batista e Yokozuna, ambos vestidos de bailarina tradicional eslovaca, para meu espanto. tudo acabou bem, pois continuo vivo, mas nada será como antes.
Hulk Hogan, se me estás a ler... continuas a ser o meu lutador de wrestling favorito, mas há coisas que não se fazem a ninguém...

um fã amargurado