Bexiga de Ovelha

Six men getting Sick Six times

Sunday, June 17, 2007

aos que não desistiram

sei que muito poucos continuaram a acreditar e é, com especial amor, que a esses me dirijo. muito aconteceu durante estes longos dias. vivi nas estepes do lesoto, nas casas de banho públicas um pouco por toda a letónia, dormi no bolso da camisa de chuck norris. estive onde muito poucos conseguiram estar.
durante esses dias lutei para sobreviver como podia. fui taxista em berlim, polícia em estocolmo e prostituta em maputo. o que fiz, fi-lo por todos vós, meus fiéis leitores, meus filhos e filhas que abraço num só. a reclusão trouxe-me mais sensível, mas igualmente forte. soube que alguns de vós puseram já mãos à obra, um pouco por todo o mundo. em relação a isso, as minhas palavras são de apreço e de um sincero orgulho. faço minhas as palavras de rosa mota quando à saída do metro em Moscovo lhe perguntavam as horas. ela respondia, no seu jeito suave e adocicado, "um quarto p´ras duas". e sabíamos que podíamos voltar a sorrir.
faltou-me muita coisa que só este país me traz, as saudades chegavam a doer. nunca me esquecerei das massagens que ana malhoa me fazia aos pés enquanto lhe declamava o tio patinhas em hebraico, ou mesmo as fartas patuscadas com fernando mendes em que discutíamos delleuze, ao fresco de uma mini e de um final de tarde.
se me perguntam se trago novidades, trago muitas. o nestum é na verdade feito de pedaços do muro de berlim, catarina furtado é nem mais nem menos que o resultado do cruzamento entre uma abelha e o braço esquerdo de mantorras, marques mendes é um ganso. ai companheiros e companheiras de faina, traz-vos este bom amigo o suficiente para muitas horas de êxtase e admiração.
dizem-me que o mundo mudou muito e trazem-me flores, texugos bipolares e pequenos bombons daqueles que tanto gosto. e vejo-vos nos olhos esse medo, mas igualmente essa vontade de querer, de acreditar que um dia conheceremos a verdade.
foi o próprio jesus cristo, à saída do benfica-leixões, que me disse no seu tom suave e brincalhão, enquanto comprava cigarros: - aquele nuno gomes é um pão. e eu, com o meu ar confiante de quem planta laranjas na sibéria, rematei: -diz que sim.

meus amigos, choro uma só lágrima, que é a da alegria do meu retorno. acolham-me como puderem, como conseguirem, alimentem-me com mel e abacate, tratem-me como mais um de vós.

serei, de novo, o vosso profeta.


m.